18/09/2013 - Estudos sobre o comportamento migratório dos animais demandam cada vez mais esforços conjuntos entre os países para protegê-los. ↓
Uma tartaruga verde (Chelonia mydas) juvenil foi capturada acidentalmente em um curral de pesca monitorado pelo Instituto de Pesquisas de Cananéia – IPEC (15/07/2013), no sul de SP. Em contato com o Projeto Karumbé, que pesquisa e conserva tartarugas marinhas no Uruguai, confirmou-se que a tartaruga foi marcada em janeiro de 2013 na localidade de Cerro Verde, município de Rocha, no Uruguai. Em julho de 2012, outra tartaruga da mesma espécie, também marcada em Cerro Verde no Uruguai, foi capturada em uma rede de pesca em Ubatuba, no litoral norte de SP. Em anos anteriores, duas tartarugas verdes marcadas pelo Tamar em Ubatuba/SP foram encontradas pelo Karumbé no Uruguai.
Em estudos de monitoramento de tartarugas por satélite realizados pelo Karumbé os pesquisadores observaram que alguns animais deixavam o Uruguai no inverno, migrando para o Brasil e voltando às águas uruguaias no verão. Como as tartarugas marinhas são animais ectotérmicos, ou seja, a temperatura corporal varia de acordo com a temperatura do ambiente, essa migração para águas mais quentes no inverno, aumentaria o conforto térmico dos animais possibilitando maior atividade nos meses mais frios do ano.
Em 2011, outro estudo interessante sobre o tema das migrações, coordenado pelo pesquisador Dr. Paulo Barata da Fundação Osvaldo Cruz, com a colaboração do Tamar, de pesquisadores e instituições brasileiras, argentinas e uruguaias, analisou os tamanhos das tartarugas verdes encontradas nos três países, desde o Ceará até a Patagônia. Os resultados do estudo sugerem uma continuidade na distribuição geográfica das tartarugas verdes entre os três países, o que é compatível com estudos de genética que concluem que tartarugas verdes encontradas no Brasil, Uruguai e Argentina são provenientes das mesmas áreas de desova, principalmente da Ilha de Ascención, no meio do Atlântico, e também de outras áreas como Ilha de Aves na Venezuela, Suriname, Ilha de Trindade no Espírito Santo e da Costa Rica.
Aliados internacionais - Projeto Tamar e instituições como Karumbé e IPEC, que realizam programas de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas no Brasil, Uruguai e Argentina, integram a Rede ASO. A rede se reúne a cada dois anos para trocar experiências, discutir problemas compartilhados e buscar soluções para as principais ameaças comuns aos três países que afetam as tartarugas na região do Atlântico Sul Ocidental. Os países também são signatários da Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas (CIT), criada para executar e coordenar ações multilaterais para a conservação e proteção desses animais ameaçados de extinção, e para assegurar a implementação de uma agenda regional para conduzir a recuperação das espécies.
As tartarugas marinhas são conhecidas por realizarem longas jornadas migratórias, muitas vezes com mais de 2.000 quilômetros de deslocamento entre áreas de desova e de alimentação. Estas viagens ultrapassam os limites geográficos e demandam esforços de cooperação internacional para sua proteção.
Programa de marcação - Além de identificar as regiões percorridas e os locais onde as tartarugas permaneceram por mais tempo, informações coletadas através do programa de marcação do Tamar, facilitam o trabalho de conservação nas várias fases do ciclo de vida dessas espécies. Os estudos confirmam que as tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira têm um período de vida compartilhado em outros países dos continentes americano e africano.
Segundo a coordenadora nacional de pesquisa e conservação do Tamar, oceanógrafa Neca Marcovaldi, as informações recolhidas são muito importantes para planejar e executar ações de conservação de tartarugas marinhas. São úteis, por exemplo, para subsidiar medidas de proteção, ordenamento da pesca, licenciamento ambiental e criação de áreas marinhas protegidas.
Saiba mais:
Marcadas para Viver
Saiba o que fazer ao encontrar uma tartaruga marinha marcada, viva ou morta.
Telemetria por satélite
O Tamar estuda desde 2001 o deslocamento das tartarugas marinhas, através do monitoramento por satélite.
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