18/08/2014 - 'Nem Tudo que Cai na Rede É Peixe' sensibiliza e promove laços de confiança com os pescadores. Leia mais. ↓
O litoral norte da Bahia abriga importantes zonas de recife de coral com bancos de algas muito apreciados por juvenis e adultos de tartarugas-verde (Chelonia mydas). Anualmente, na área que compreende Barra do Jacuípe, Guarajuba, Itacimirim e Praia do Forte, são registrados cerca de 700 encalhes de tartarugas mortas desta espécie. Os pesquisadores acreditam que a maioria destas ocorrências seja ocasionada pela interação com a pesca, mais especificamente com redes de emalhe. Uma das ações para a conservação desses animais ameaçados de extinção no Brasil chama-se 'Nem Tudo que Cai na Rede É Peixe', que realiza um trabalho intensivo de valorização e orientação, atingindo cerca de 70 pescadores de diferentes colônias e associações nessa região da Bahia. Equipes do Tamar fazem palestras sobre impactos das artes de pesca e do lixo; sobre porque e como reabilitar as tartarugas afogadas; legislação; dados das temporadas de reprodução, entre outros assuntos. Como resultados, cada vez mais pescadores libertam com vida ou entregam aos pesquisadores tartarugas capturadas incidentalmente.
As redes de emalhe são as pescarias que mais afetam as tartarugas nessa região, explica a bióloga do Tamar, Adriana Jardim, pois muitas vezes são utilizadas nas mesmas áreas onde elas se alimentam e descansam. Se os pescadores deixam as redes muitas horas no mar, é possível que aumentem as chances de morte desses animais por afogamento. Dentre as redes de emalhe, as de fundo são muito usadas, tanto em fundos lamosos como em fundos recifais para a captura de peixes e lagostas. A linha de mão também é bastante difundida para peixes. Em menor escala, o espinhel de fundo é utilizado para capturar tubarões e outros peixes, e vem ganhando adeptos ao longo dos anos por ser uma pescaria muito produtiva. O levantamento mostra que a comunidade pesqueira no norte da Bahia ainda é artesanal.
Relação contínua - Desde 2011, o Tamar realiza embarques para monitoramento e caracterização de pescarias na Praia do Forte/BA e proximidades com objetivo de compreender com mais detalhes a interação das diferentes artes de pesca com as tartarugas marinhas. O trabalho de pesquisa com o levantamento das pescarias tanto pelo mar como por terra, teve duração de três anos e permitiu entender melhor quais pescarias estão atuando na região, quais os principais horários de pesca e quais as áreas utilizadas pelos pescadores, informações importantes que ajudam as equipes do Tamar a entender melhor a complexa dinâmica de encalhes de tartarugas marinhas.
Os próximos passos são a continuidade das atividades de aproximação e educação ambiental e a adoção de embarcações parceiras que possam fornecer informações sobre suas pescarias através dos mapas de bordo. A troca de anzóis convencionais modelo “J” por anzóis circulares é estimulada para os novos espinhéis de fundo que atuam na região. Os anzóis circulares são amigos das tartarugas, comenta Adriana, pois reduzem a captura desses animais em 60% e são reconhecidamente benéficos por propiciarem 100% de sobrevivência pós captura.
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