22/08/2016 - A tartaruga se recuperará no Tamar antes de voltar para casa. Leia mais. ↓
Era mais uma saída semanal para pesquisa na 'Pedra da Tartaruga', local na Praia do Forte-BA onde as tartarugas marinhas se alimentam. Os salva-vidas do Iberostate e surfistas da região avisaram à equipe do Tamar que uma boia de pesca estava sendo vista no mar, em movimento, nas imediações do campo de golf do Iberostar. Nesta saída haveria um resgate a realizar, pois ao que tudo indicava, uma tartaruga estava presa à boia e a restos de rede de pesca.
“Quando avistamos a boia, que estava mais perto da terra, nos demos conta que, sim, era uma tartaruga bem grande que estava presa, pois o bicho subiu para respirar! Bedeu lançou‐se ao mar, nadou para se aproximar e conseguiu amarrar uma outra corda na boia, e assim foi possível puxar a tartaruga até a embarcação”, conta a bióloga do Tamar responsável por esta pesquisa no mar, Adriana Jardim. Tratava‐se de um macho de tartaruga-verde (Chelonia mydas) adulto que estava com pedaços de rede de pesca enrolados nas duas nadadeiras anteriores. Uma das nadadeiras já se encontrava muito inchada e com cortes profundos devido ao estrangulamento que foi provocado pelo nylon. A tartaruga foi então levada até a praia e encaminhada para tratamento no Tamar.
A equipe de veterinária recebeu o animal e iniciou os procedimentos para a sua recuperação. Ferimentos estão sendo tratados e as medidas necessárias para reduzir o edema da nadadeira prejudicada foram adotadas. “A tartaruga começou a se alimentar, mas permanecerá em tratamento para se recuperar de uma anemia leve acusada no exame de sangue. Aguardaremos até que seus glóbulos vermelhos voltem aos níveis saudáveis para que ela tenha alta”, conta a médica veterinária do Tamar, Thaís Pires. Com seus quase 130 quilos e 1,05 metros de carapaça, o macho será devolvido ao mar em data a ser divulgada em breve pelo Tamar para quem quiser acompanhar a soltura na Praia do Forte, em Mata de São João, Bahia.
As tartarugas marinhas que ocorrem em nossa costa precisam prosseguir em um mundo cheio de perigos, e por isso esses animais ainda ameaçados de extinção necessitam do apoio de toda a sociedade. Redes de pesca, anzóis, degradação de áreas de desova, fotopoluição e a poluição dos oceanos, além das mudanças climáticas, são os principais inimigos das tartarugas e podem interromper a chance de recuperação das cinco espécies que ocorrem no nosso país.
Tartarugas marinhas e a pesca – O Tamar iniciou a proteção das tartarugas marinhas em terra, em 1980, e a partir dos anos 90, começou a trabalhar com a pesca incidental em áreas de alimentação de tartarugas marinhas. Desde 2001, executa o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca para enfrentar a mortalidade desses animais causada pelas diferentes pescarias. O programa inclui diversas ações junto às frotas de espinhel de superfície (sul e sudeste) e de arrasto (nordeste). Realiza embarques de observadores para monitoramento e implementação de medidas mitigadoras (anzol circular, desenganchador de anzol e cortador de linha) para reduzir a captura e a mortalidade das tartarugas. Os pesquisadores trabalham em interação direta com os pescadores.
O Projeto Tamar é uma soma de esforços entre a Fundação Pró-Tamar e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras, serve de modelo para outros países. O Projeto Tamar tem o patrocínio oficial da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, o apoio do Bradesco Capitalização, e nos nove estados brasileiros onde atua recebe diversos apoios locais.
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