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Estudo avalia a eficácia das áreas marinhas protegidas para espécies migratórias através do rastreamento de tartarugas-de-pente.

08/09/2021 - Resultados fornecem informações para auxiliar diretamente o planejamento de novas unidades de conservação no Brasil e em outros lugares. ↓

A pesquisa publicada recentemente na revista científica Biological Conservation, acompanhou via satélite o deslocamento de 36 tartarugas-de-pente que desovaram no litoral sul do Rio Grande do Norte, entre 2015 e 2019. Os dados foram analisados e divididos conforme os seguintes tipos de comportamento:

Internidal: período que a fêmea permanece próxima à área de desova, com intervalos de aproximadamente 15 dias entre cada postura de ovos.

Migração: deslocamento da área de reprodução até a de alimentação.

Alimentação: local onde as tartarugas marinhas passam em torno de dois anos acumulando energia para a próxima temporada reprodutiva.

-Área de uso: região preferencial de alimentação, onde a tartaruga permanece por mais tempo em busca de presas.

As áreas de uso foram classificadas como alto (maior número de tartarugas utilizando por mais tempo), médio e baixo. E então, sobrepostas tanto a unidades de conservação (UC) quanto às principais ameaças que ocorrem na região, como pesca, tráfego marinho e exploração de óleo e gás.

Infelizmente, a maior parte das áreas de uso das tartarugas-de-pente estão expostas a ameaças (88%), sendo a pesca artesanal com maior sobreposição (78%), seguidas por tráfego marinho (76,7%), pesca industrial (20,7%), portos (1,8%) e mineração (0,4%). Inclusive, algumas estão expostas a múltiplas ameaças. Do restante, apenas 4,8% estão em áreas de proteção integral e 7% em áreas de uso múltiplo. Dentre as 14 UCs que sobrepuseram com as áreas de uso, somente seis tem plano de manejo. Porém, nenhuma apresentou alvos de conservação direcionados para tartarugas-de-pente ou qualquer outra espécie de tartaruga marinha.

O conhecimento da distribuição espacial e uso do habitat das espécies é fundamental para identificar recursos críticos e locais mais importantes para a implementação de UCs marinhas. De fato, não havia informação de localização sobre as tartarugas-de-pente quando 86% das UCs consideradas foram criadas ou implementadas. A telemetria satelital é um método muito eficiente para identificação das áreas de uso mais relevantes. No entanto, é muito cara e por isso seu uso é frequentemente limitado, principalmente em países em desenvolvimento.

Os resultados deste estudo fornecem informações para auxiliar diretamente o planejamento de novas UCs não só no Brasil, mas também em outros lugares. Além disso, para ampliar a efetividade das áreas marinhas protegidas e orientar políticas públicas para o futuro, os gestores devem:

1. Declarar claramente e tornar seus objetivos e metas de conservação tangíveis às tartarugas marinhas

2. Usar o conhecimento científico disponível sobre a espécie-alvo e o princípio da precaução, considerando a opinião de especialistas.

3. Considerar escalas ecológicas ao invés de fronteiras políticas

4. Envolver todas as partes interessadas impactadas

5. Usar o gerenciamento adaptativo conforme novas informações se tornem disponíveis.

 

O trabalho na íntegra pode ser obtido através do link:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0006320721002810

 

Agradecimentos: Este projeto de rastreamento via satélite foi realizado como condicionante de licenciamento para pesquisa sísmica nas Bacias Ceará e Potiguar requerida pelo IBAMA às empresas SPECTRUM e Petroleum Geo Services (PGS) e executado pela Fundação Projeto TAMAR com participação do Centro TAMAR-ICMBio.

Tartaruga Tartaruga-oliva

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